quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Tendências atuais da Filosofia




Tendências Atuais da Filosofia
Jean-Yves Béziau


SINOPSE: Hoje a filosofia oscila entre dois pólos opostos, de um lado um discurso sofisticado e universitário que não trata mais do que de alguns problemas bem particulares, de outro o termo serve para designar qualquer coisa: desde a filosofia da empresa aos delírios das seitas religiosas. A filosofia universitária encontra-se ela mesma dividida em muitas correntes que se pode caricaturalmente separar em duas: a filosofia analítica e a filosofia tradicional, dualismo freqüentemente apresentado de maneira geopolítica: filosofia continental versus filosofia anglo-americana. Aliás, esta última divisão faz aparecer claramente um vazio: não haveria alhures outra filosofia? Contudo, é principalmente neste outro lugar que mergulha a filosofia não universitária, notadamente com sua tendência new-age que se embriaga de “filosofia” oriental. [Leia mais...] [Adquirir...]


* Jean-Yves Béziau é Doutor em Lógica Matemática (Universidade de Paris 7) e Doutor em Filosofia (USP).
Foi pesquisador na França, Polônia, Califórnia e no Brasil. Atualmente é Professor da Fundação Suíça
de Pesquisas no Instituto de Lógica da Universidade de Neuchâtel na Suiça.


Do tradutor:
Camilo Prado é tradutor e editor das Edições Nephelibata.

Outras traduções pela Nephelibata:
O Amigo dos Espelhos, de Georges Rodenbach
Cinco Poetas Romenos, seleção



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TENDÊNCIAS ATUAIS DA FILOSOFIA
(fragmento)


INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo a palavra “filosofia” serviu para designar coisas bem diferentes; citamos apenas dois exemplos: os estóicos dividiam a filosofia em três partes, a lógica, a moral e a física, quanto a Descartes, sua célebre árvore filosófica era constituída, além das raízes metafísicas e do tronco físico, de três ramos, a medicina, a mecânica e a moral. E não é somente o conteúdo que variou, mas também o estilo: como encontrar uma unidade entre os aforismos declarativos de alguns Pré-socráticos, os diálogos de Platão, as meditações de Descartes, as fábulas metafóricas de Nietzsche, o minucionismo de Quine?
Hoje a filosofia oscila entre dois pólos opostos, de um lado um discurso sofisticado e universitário que não trata mais do que de alguns problemas bem particulares, de outro o termo serve para designar qualquer coisa: desde a filosofia da empresa aos delírios das seitas religiosas.
A filosofia universitária encontra-se ela mesma dividida em muitas correntes que se pode caricaturalmente separar em duas: a filosofia analítica e a filosofia tradicional, dualismo freqüentemente apresentado de maneira geopolítica: filosofia continental versus filosofia anglo-americana. Aliás, esta última divisão faz aparecer claramente um vazio: não haveria alhures outra filosofia? Contudo, é principalmente neste outro lugar que mergulha a filosofia não universitária, notadamente com sua tendência new-age que se embriaga de “filosofia” oriental.
Essas cisões são o reflexo de uma crise? Tem-se falado tanto da “crise da filosofia” que já não se sabe o que significa esta expressão desonrada. A filosofia está morta, vai morrer ou é eterna?
O maior problema que se apresenta hoje parece ser, com efeito, um desequilíbrio entre a oferta e a procura.
Há uma procura popular muito grande. Ela se manifesta em diferentes níveis: pode-se citar a abertura de cafés filosóficos e o recrutamento de filósofos por empresas com vistas a melhorar a cultura ou a ética de seus negócios. Mas é, sobretudo, no âmbito literário que ela se manifesta, como testemunha o sucesso internacional do livro O mundo de Sofia. Pode-se também se espantar pela volta do interesse do grande público por romances de cunho filosófico ou religioso, por pior que seja sua qualidade (U. Eco, P. Coelho, etc.). Por que as pessoas não se contentam com a literatura água com açúcar, esportiva ou mesmo pornográfica?
É uma pena que nenhum vinho fresco seja apresentado ao homem comum e que ele seja obrigado a saciar sua sede em fontes freqüentemente impuras. Deve-se insistir sobre o insucesso absoluto da filosofia universitária para tocar o grande público. A filosofia universitária, não importa de que lado do Atlântico se encontre, permanece intragável para o homem ordinário. Ela não corresponde à espera do público, à sede filosófica do povo. E se se recusa a querer nutrir os baixos instintos da massa lhe oferecendo uma filosofia simplista, o filósofo acadêmico, a menos que queira se declarar abertamente elitista (o que raramente faz, pois é comum hoje se dizer democrata) deveria pelo menos pensar numa maneira de transformar a sede filosófica vulgar em uma sede elaborada.
Mas ele está muito mais ocupado em defender sua posição acadêmica, sua carreira e em denegrir seus irmãos inimigos. A filosofia acadêmica hoje se manifesta numa ladainha de lutas internas; sem falar da batalha entre sintéticos e analíticos. A maneira segundo a qual se organizam os encontros entre os filósofos se parece bem mais àquelas que se passa no domínio religioso do que no domínio científico. Por exemplo, na matemática a cada quatro anos há um grande congresso que reúne os maiores matemáticos do mundo inteiro. Nada semelhante em filosofia; encontrar-se no seio de um clã e organizar uma reunião entre filósofos de clãs opostos poderia conduzir a conflitos tão violentos quanto os conflitos religiosos.
Tentaremos no que se segue fazer um quadro deste estado deplorável da filosofia atual, agrupando as diferentes tendências em torno de três eixos. Em cada caso, analisaremos uma obra correspondente à tendência em questão.
(...)

Jean-Yves Béziau. Tendências Atuais da Filosofia.
Trad. de Camilo Prado. Desterro: Nephelibata, 2004, pp.11-17.

fonte: http://www.nephelibata.com/beziau.html

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Música Clássica de qualidade, com entrada franca, no Teatro Nacional

Às terças-feiras, no Teatro Nacional Cláudio Santoro em Brasília, cada um pode ouvir concertos da sensacional Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro que foi fundada em 1980. Atualmente, é composta por 85 músicos e tem o maestro Ira Levin como regente. Os concertos na Sala Villa-Lobos, com entrada franca. Vale a pena conferir.

Veja portal abaixo com a programação:

http://www.sc.df.gov.br/paginas/ostncs/ostncs.php

fonte: portal da Secretaria de Estado e Cultura - GDF